Em homenagem às mulheres neste 08 de março,
vamos conversar sobre a saúde dessas divinas criaturas tão humanas e tão
valentes que somos.
É cada vez maior o número de mulheres em
depressão, com transtornos de ansiedade, com doenças psicossomáticas, ovários
policìsticos, miomas, mau funcionamento da tireóide, câncer, etc.
Do ponto de vista sistêmico, a doença não existe
por si só: ela é uma criação da nossa mente. E eu te digo isso por experiência própria. Dos 2 anos até os 23 anos eu vivi dentro de hospitais, sendo examinada de todas as formas em busca da causa de muitos vômitos, dores abdominais, dores pelo corpo, infecções recorrentes, etc, etc, mas, os médicos nunca acharam nada que justificasse aqueles surtos. Consegui relativo equilíbrio até os 40 anos quando voltaram os sintomas com toda a sua força e finalmente veio um diagnóstico após tanto anos de sofrimento e tratamentos paliativos: eu era fibromiálgica. Desenganada pela medicina tradicional - que não tem protocolo de atendimento que cure nosso quadro e evite as muitas crises em que entramos - comecei a pesquisar sobre a doença em si e cheguei no estudo das emoções e na neurociência.
Quando não conseguimos
exteriorizar ou exterminar um conflito que surgiu no nível psíquico, este se
manifesta em nosso corpo físico como uma forma de alerta, um pedido de socorro.
Cada órgão, sistema, glândula ou parte do nosso corpo carrega uma sabedoria e
num nível metafísico, é possível compreender o que cada doença simboliza,
analisando o lugar onde ela se manifestou. O desequilíbrio que gera a doença
está ligado a fatores psíquicos, que quando identificados e tratados podem
devolver o equilíbrio ao paciente. É o que está acontecendo agora comigo: estou alcançando equilíbrio, com crises cada vez mais esparsas e menos intensas no sofrimento.
Alguns psicanalistas da linha sistêmica
tem observado melhora de suas pacientes através da visualização criativa de
arquétipos pois, essa técnica tem ajudado a conhecerem seus aspectos mais
frágeis e descobrir aspectos de fortalecimento para sua psique.
Platão dizia que a forma como percebemos o
mundo à nossa volta é influenciada por impressões prévias que vão sendo
cravadas em nossas mentes. Essas percepções ficam ali, sedimentadas em nossa
psique, por milênios. Platão chamava essas impressões de “formas elementares”,
algo como um grande gabarito ao qual recorremos para traduzir o mundo à nossa
volta. Seria com base nessas estruturas ideativas que fazemos as associações
simbólicas dentro da nossa mente. O tempo todo, a todo momento. E de uma forma
coletiva, em um padrão comum à todas as pessoas. Carl Jung chamou essas formas
elementares de arquétipos.
Nesse sentido, arquétipos são conjuntos de
imagens primordiais em nosso imaginário, que dão sentido as histórias passadas
durante as gerações, servindo para representar o conhecimento no inconsciente. Na
terapia junguiana os arquétipos são uma excelente ferramenta de harmonização do
ser pois, eles facilitam a integridade psíquica da pessoa, chegando a um acordo
com o inconsciente.
O objetivo do terapeuta junguiano é
conseguir nos fazer tomar consciência desses fatores inconscientes para
favorecer uma reconciliação com o nosso inconsciente. Ou seja, com esse tipo de
psicanálise, conseguiríamos uma harmonia entre necessidades e conquistas, entre
passado e presente, alcançando uma maturidade genuína, na qual nosso ‘eu’ pode
se definir de forma autêntica, sentindo-se livre e capacitado para continuar
crescendo.
A terapia de Jung pode nos ajudar a entender
e enfrentar processos tão complexos quanto a depressão, a ansiedade ou, até
mesmo, possíveis vícios. A abordagem mitológica ajuda na
compreensão do ser humano e em seu posicionamento no mundo que o cerca. O mito
serve como elemento de orientação. Assim como os pais ensinam aos filhos como é
a vida, relatando-lhes as experiências vividas, os mitos também fazem a mesma
coisa, porém num sentido mais amplo, delineando padrões para a caminhada
existencial, com o recurso da imagem e fantasia. Jung vê o mito “como uma
verdade profunda de nossa mente”.
Temos, como representação dos padrões
arquetípicos femininos, sete exemplos retirados da Mitologia Grega que, de
acordo com Jean Shinoda Bolen, psiquiatra junguiana, são a projeção dos
arquétipos femininos.
Sua divisão se dá em:
1. Invulneráveis – as três grandes deusas
virgens: Ártemis, Atená e Héstia, as quais nunca se deixaram dominar por seus
pares masculinos .
2. Vulneráveis – três deusas: Hera,
Deméter-Coré ou Deméter-Perséfone, que foram violentadas, raptadas ou
humilhadas por seus consortes.
3.Transcendentais: Afrodite fecha os arquétipos e
representa uma deusa alquímica. Por estar sujeita a transmutações, tanto é a
inspiradora dos amores comuns (Afrodite Pandêmia) como também o é do amor
incondicional (Afrodite Celeste ou Urânia).
Para esta conversa não ficar muito longa,
vamos apresentar os arquétipos femininos mais conhecidos e mais estudados
dentro da perspectiva junguiana, personificados através de sete deusas do
panteão da mitologia greco-romana.
Artemis (Diana)
A natureza da mulher Artemis é guerreira e
independente. Ela representa a individualidade. É uma deusa virgem (completa),
caçadora (auto-suficiente) que vive nas matas acompanhada por lobos. Seu
habitat é a natureza selvagem, a floresta. É um arquétipo que acompanha as
mulheres viajantes, aventureiras e destemidas. Em equilíbrio, este arquétipo
traz força e independência para as mulheres, equilibra as polaridades
feminino-masculino, fazendo com que reconheçam seu papel e sintam-se completas,
independente da concretização de uma parceria ou relacionamento com o sexo
oposto. Quando uma mulher se identifica de maneira desequilibrada com este
arquétipo, ela tende a “endurecer” o feminino e atrair homens dependentes e
carentes. Artemis se nutre de animais e plantas, não só através da alimentação:
eles são sua companhia, seu universo. Dessa forma, podemos compreender que ela
está em harmonia com o meio onde habita. Dedicação a si mesma, fortalecimento
da identidade e limites pessoais são fortes atributos deste arquétipo.
Atenas (Minerva)
A mulher Atenas é a mais valorizada pela
sociedade atual. Ela representa o conhecimento, a sabedoria e está
profundamente ligada ao lado profissional. Este arquétipo confere ao
feminino equilíbrio, capacidade de criar
estratégias, dedicação aos estudos, companheirismo e disciplina no trabalho.
Porém, Atenas carece de sensibilidade. Quando nos perdemos na sombra de
Atenas, nos apegamos à lógica excessiva,
frieza e calculismo e podemos cair facilmente no julgamento e na
ridicularização de outros atributos essenciais do feminino: nosso lado passivo,
receptivo e nosso princípio doador. O casamento pode tornar-se um mero acordo
comercial, a amizade com mulheres pode tornar-se extremamente difícil, posto
que a mulher Atenas identifica-se com os valores e características da
polaridade masculina.
Héstia (Vesta)
Héstia é a deusa do fogo, celebrada nas
lareiras dos lares gregos. É uma deusa protetora dos lares, o que faz com que
seja diretamente relacionada à nossa força interior, em oposição à nossa
expressão diante do mundo. Representa o equilíbrio e a quietude, que permitem a
mulher manter-se firmemente conectada e sair ilesa de um período conturbado. O
fogo de Héstia representa o aquecimento e não a destruição. Quando em
desequilíbrio, este arquétipo tende a tornar a mulher extremamente emotiva,
introvertida e isolada. A maternidade e a sexualidade não são pontos fortes
deste arquétipo. O seu equilíbrio se dá através do exercício da sociabilidade,
da expressão comprometida de sentimentos, pontos de vista e necessidades.
Hera (Juno)
As mulheres tipo Hera são ligadas ao poder
e ao casamento de maneira idealizada. Para elas os relacionamentos livres e
informais não têm valor algum. Sua lealdade e devoção ao marido é imensurável;
quando traídas, tendem a culpar a outra, mesmo que essa tenha sido uma vítima
da sedução do cônjuge. É muito raro uma mulher identificada com este arquétipo
pedir divórcio, por mais insatisfeita que ela esteja com o casamento, pois tem
muitas dificuldades de aceitar o rompimento e um novo casamento por parte do ex-cônjuge,
chegando a interferir de maneira extremamente negativa na vida dele e da nova
parceira. Quando perde as rédeas da situação, Hera reage com ira, que pode se
manifestar de maneira assustadora e destrutiva. Também é uma característica
deste arquétipo fugir do relacionamento problemático dos pais arranjando um
casamento para si. A prioridade das mulheres ligadas a esse arquétipo não é o
campo profissional. Não é o tipo de mulher que terá filhos por identificar-se
com a maternidade, mas sim para cumprir uma função social dentro do casamento.
O homem que geralmente se atrai pelas mulheres Hera são aqueles que desejam ter
uma esposa por razões sociais e não necessariamente afetivas.
Deméter (Ceres)
Deméter é a expressão da generosidade,
dedicação e doação da mulher: ela não sabe dizer não a ninguém. Representa o
instinto maternal em sua totalidade (gestação e nutrição), nos níveis físico,
psíquico e espiritual. As mulheres com essa deusa proeminente desejam, mais do
que tudo, serem mães. Associada às colheitas, ela também representa a
abundância e a nutrição do feminino. É dedicada à família, especialmente aos
filhos. Na mitologia, ela é a mãe de Perséfone, que foi raptada pelo deus Hades
e levada ao submundo; Deméter não mediu esforços para recuperar sua filha. Elas
são nutridoras, prestativas e doadoras em todos os relacionamentos. As mulheres
Deméter são cuidadoras natas e exercem essa função ao longo de sua vida,
independente da idade e maturidade de seus filhos. Por dedicar-se de maneira
exagerada e muitas vezes exclusiva à maternidade, as mulheres fortemente
identificadas com este arquétipo tendem a tornarem-se depressivas quando os
filhos crescem e deixam o lar. Para evitar este transtorno, muitos vezes elas
impedem seus filhos de crescerem. Engravidar “acidentalmente” também pode ser
considerado um sintoma de dominação deste arquétipo no inconsciente da mulher.
Perséfone (Cora)
É a sacerdotisa, a governante do mundo
invisível. Representa mulheres meigas, femininas, dotadas de um grande poder
criativo e também o lado psicológico e espiritual da mulher. As mulheres
identificadas ao extremo com este arquétipo, costumam apresentar um poder de
ação reduzido. São facilmente conduzidas pelos outros e têm dificuldades em se
posicionar e até mesmo de compreender aquilo que querem ou para onde devem ir.
Perséfone também representa a mulher que faz de tudo para agradar a mãe: são as
boas meninas, obedientes, cautelosas, recatadas, passivas e dependentes. Os
homens que as escolhem são inexperientes, e mal intencionados, do tipo que não
se sentem confortáveis com mulheres empoderadas. Elas são do tipo que acabam
por ceder em tudo para se adaptarem aos desejos de um homem; parecem não ter
uma personalidade própria. Por não desejarem criar atritos e despertar desconforto
e raiva nos outros, acabam por tornarem-se mentirosas e manipuladoras. Possuem
uma forte tendência à sexualidade adormecida e comportarem-se de maneira
passiva e submissa em relação ao cônjuge. Tendem a se comportar de maneira
infantil e dependente, necessitando da mãe para realizar até mesmo tarefas
banais. Como profissionais não são exatamente dedicadas: são inconstantes e
indecisas, o que provoca mudanças constantes de emprego. Porém, quando
identificadas com o aspecto da Rainha do Submundo – seu verdadeiro poder –
serão extremamente competentes, principalmente no campo psicológico e
espiritual por saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente.
Afrodite (Vênus)
Afrodite é o arquétipo que representa a
beleza e o amor. Na mitologia grega ela é descrita como uma deusa impulsiva,
determinada em viver a vida intensamente e que possui vários relacionamentos
afetivos. Afrodite não pode ser considerada uma figura vulnerável: seus
relacionamentos são sempre descritos como correspondidos; também não está
identificada com a figura da virgem, pois valorizava as experiências emocionais
e os relacionamentos, mesmo que não sejam permanentes e duradouros. Os valores
de Afrodite são exatamente apreciados em nossa sociedade e a mulher que os
expressa mesmo de maneira equilibrada, tende a ser vulgarizada, pois ela
representa a liberdade e a auto-aceitação da sensualidade e sexualidade
feminina. Para cultivarmos Afrodite, é necessário darmos abertura para
atividades sensoriais ou sensuais. Também é importante nos libertarmos de
atitudes culposas ou críticas e compreender o prazer como parte natural e
importante da vida. As mulheres identificadas com este arquétipo de maneira
extrema costumam ser vaidosas, muito ligadas a roupas e acessórios. Gostam de
ser admiradas e adoram um espelho. São mulheres atraentes, possuem muito
carisma e chamam atenção de maneira natural e autêntica, sem que seja
necessário fazer muito esforço. Estas mulheres geralmente não são as mais
dedicadas aos estudos e carreira, mas tornam-se excelentes profissionais quando
se envolvem emocionalmente com sua profissão. Elas tendem a ter atitudes
extremistas – ou estão num trabalho que detestam ou num que amam demais – e só
funcionam bem profissionalmente se a atividade desempenhada exigir o uso da criatividade.
Harmonizando-se com arquétipos para
vislumbrar a cura
Podemos compreender que todas as mulheres
carregam consigo todos esses (e muitos outros) arquétipos, estejam eles
ativados ou não. Em diferentes momentos da vida, nós experienciamos todos eles.
Os arquétipos não são bons ou ruins; em sua complexidade, eles representam
tanto a luz, quanto a sombra de um modelo. O caminho é aprendermos a nos
harmonizar com os aspectos deles que nos fortaleçam, equilibrem e é claro, nos
empoderem.
Se entendermos os arquétipos como
frequências, podemos nos harmonizar com eles num nível mental e psíquico, o que
pode trazer excelentes resultados no que diz respeito ao nosso
auto-conhecimento, à nossa auto-estima e consequentemente, ao equilíbrio
energético dos nossos corpos físico e sutis. E te digo isso porque sigo esse tipo de terapia desde que estudei sobre ele. Jung tem sido meu norte desde então!! 💗💗💗
Alinhar-se com arquétipos não tem nenhuma
relação com invocação e incorporação de espíritos, posto que eles não são
entidades vivas, mas sim aspectos da nossa psique. Através da meditação e da
visualização criativa orientada por uma terapeuta, a mulher pode acessar os
arquétipos que irão colaborar com a sua totalidade e com a harmonia do seu
sistema físico e familiar, podendo desfrutar de uma vida mais plena em todos
seus aspectos.
Procure a ajuda de um terapeuta sistêmico
para integrar a sua equipe médica, na busca por restaurar a sua saúde de forma
integral. A educação emocional e a harmonização do seu ser, através da terapia
Junguiana, podem fazer verdadeiros milagres por você. Vamos?
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