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domingo, 8 de março de 2020

A saúde feminina no dia das Mulheres


Em homenagem às mulheres neste 08 de março, vamos conversar sobre a saúde dessas divinas criaturas tão humanas e tão valentes que somos.

É cada vez maior o número de mulheres em depressão, com transtornos de ansiedade, com doenças psicossomáticas, ovários policìsticos, miomas, mau funcionamento da tireóide, câncer, etc.

Do ponto de vista sistêmico, a doença não existe por si só: ela é uma criação da nossa mente. E eu te digo isso por experiência própria. Dos 2 anos até os 23 anos eu vivi dentro de hospitais, sendo examinada de todas as formas em busca da causa de muitos vômitos, dores abdominais, dores pelo corpo, infecções recorrentes, etc, etc, mas, os médicos nunca acharam nada que justificasse aqueles surtos. Consegui relativo equilíbrio até os 40 anos quando voltaram os sintomas com toda a sua força e finalmente veio um diagnóstico após tanto anos de sofrimento e tratamentos paliativos: eu era fibromiálgica. Desenganada pela medicina tradicional - que não tem protocolo de atendimento que cure nosso quadro e evite as muitas crises em que entramos - comecei a pesquisar sobre a doença em si e cheguei no estudo das emoções e na neurociência.

Quando não conseguimos exteriorizar ou exterminar um conflito que surgiu no nível psíquico, este se manifesta em nosso corpo físico como uma forma de alerta, um pedido de socorro. Cada órgão, sistema, glândula ou parte do nosso corpo carrega uma sabedoria e num nível metafísico, é possível compreender o que cada doença simboliza, analisando o lugar onde ela se manifestou. O desequilíbrio que gera a doença está ligado a fatores psíquicos, que quando identificados e tratados podem devolver o equilíbrio ao paciente. É o que está acontecendo agora comigo: estou alcançando equilíbrio, com crises cada vez mais esparsas e menos intensas no sofrimento.

Alguns psicanalistas da linha sistêmica tem observado melhora de suas pacientes através da visualização criativa de arquétipos pois, essa técnica tem ajudado a conhecerem seus aspectos mais frágeis e descobrir aspectos de fortalecimento para sua psique.

Platão dizia que a forma como percebemos o mundo à nossa volta é influenciada por impressões prévias que vão sendo cravadas em nossas mentes. Essas percepções ficam ali, sedimentadas em nossa psique, por milênios. Platão chamava essas impressões de “formas elementares”, algo como um grande gabarito ao qual recorremos para traduzir o mundo à nossa volta. Seria com base nessas estruturas ideativas que fazemos as associações simbólicas dentro da nossa mente. O tempo todo, a todo momento. E de uma forma coletiva, em um padrão comum à todas as pessoas. Carl Jung chamou essas formas elementares de arquétipos.

Nesse sentido, arquétipos são conjuntos de imagens primordiais em nosso imaginário, que dão sentido as histórias passadas durante as gerações, servindo para representar o conhecimento no inconsciente. Na terapia junguiana os arquétipos são uma excelente ferramenta de harmonização do ser pois, eles facilitam a integridade psíquica da pessoa, chegando a um acordo com o inconsciente.

O objetivo do terapeuta junguiano é conseguir nos fazer tomar consciência desses fatores inconscientes para favorecer uma reconciliação com o nosso inconsciente. Ou seja, com esse tipo de psicanálise, conseguiríamos uma harmonia entre necessidades e conquistas, entre passado e presente, alcançando uma maturidade genuína, na qual nosso ‘eu’ pode se definir de forma autêntica, sentindo-se livre e capacitado para continuar crescendo.

A terapia de Jung pode nos ajudar a entender e enfrentar processos tão complexos quanto a depressão, a ansiedade ou, até mesmo, possíveis vícios. A abordagem mitológica ajuda na compreensão do ser humano e em seu posicionamento no mundo que o cerca. O mito serve como elemento de orientação. Assim como os pais ensinam aos filhos como é a vida, relatando-lhes as experiências vividas, os mitos também fazem a mesma coisa, porém num sentido mais amplo, delineando padrões para a caminhada existencial, com o recurso da imagem e fantasia. Jung vê o mito “como uma verdade profunda de nossa mente”.

Temos, como representação dos padrões arquetípicos femininos, sete exemplos retirados da Mitologia Grega que, de acordo com Jean Shinoda Bolen, psiquiatra junguiana, são a projeção dos arquétipos femininos.

Sua divisão se dá em:
1. Invulneráveis – as três grandes deusas virgens: Ártemis, Atená e Héstia, as quais nunca se deixaram dominar por seus pares masculinos .
2. Vulneráveis – três deusas: Hera, Deméter-Coré ou Deméter-Perséfone, que foram violentadas, raptadas ou humilhadas por seus consortes.
3.Transcendentais: Afrodite fecha os arquétipos e representa uma deusa alquímica. Por estar sujeita a transmutações, tanto é a inspiradora dos amores comuns (Afrodite Pandêmia) como também o é do amor incondicional (Afrodite Celeste ou Urânia).

Para esta conversa não ficar muito longa, vamos apresentar os arquétipos femininos mais conhecidos e mais estudados dentro da perspectiva junguiana, personificados através de sete deusas do panteão da mitologia greco-romana.

Artemis (Diana)




A natureza da mulher Artemis é guerreira e independente. Ela representa a individualidade. É uma deusa virgem (completa), caçadora (auto-suficiente) que vive nas matas acompanhada por lobos. Seu habitat é a natureza selvagem, a floresta. É um arquétipo que acompanha as mulheres viajantes, aventureiras e destemidas. Em equilíbrio, este arquétipo traz força e independência para as mulheres, equilibra as polaridades feminino-masculino, fazendo com que reconheçam seu papel e sintam-se completas, independente da concretização de uma parceria ou relacionamento com o sexo oposto. Quando uma mulher se identifica de maneira desequilibrada com este arquétipo, ela tende a “endurecer” o feminino e atrair homens dependentes e carentes. Artemis se nutre de animais e plantas, não só através da alimentação: eles são sua companhia, seu universo. Dessa forma, podemos compreender que ela está em harmonia com o meio onde habita. Dedicação a si mesma, fortalecimento da identidade e limites pessoais são fortes atributos deste arquétipo.

Atenas (Minerva)

A mulher Atenas é a mais valorizada pela sociedade atual. Ela representa o conhecimento, a sabedoria e está profundamente ligada ao lado profissional. Este arquétipo confere ao feminino  equilíbrio, capacidade de criar estratégias, dedicação aos estudos, companheirismo e disciplina no trabalho. Porém, Atenas carece de sensibilidade. Quando nos perdemos na sombra de Atenas,  nos apegamos à lógica excessiva, frieza e calculismo e podemos cair facilmente no julgamento e na ridicularização de outros atributos essenciais do feminino: nosso lado passivo, receptivo e nosso princípio doador. O casamento pode tornar-se um mero acordo comercial, a amizade com mulheres pode tornar-se extremamente difícil, posto que a mulher Atenas identifica-se com os valores e características da polaridade masculina.

Héstia (Vesta)

Héstia é a deusa do fogo, celebrada nas lareiras dos lares gregos. É uma deusa protetora dos lares, o que faz com que seja diretamente relacionada à nossa força interior, em oposição à nossa expressão diante do mundo. Representa o equilíbrio e a quietude, que permitem a mulher manter-se firmemente conectada e sair ilesa de um período conturbado. O fogo de Héstia representa o aquecimento e não a destruição. Quando em desequilíbrio, este arquétipo tende a tornar a mulher extremamente emotiva, introvertida e isolada. A maternidade e a sexualidade não são pontos fortes deste arquétipo. O seu equilíbrio se dá através do exercício da sociabilidade, da expressão comprometida de sentimentos, pontos de vista e necessidades.

Hera (Juno)

As mulheres tipo Hera são ligadas ao poder e ao casamento de maneira idealizada. Para elas os relacionamentos livres e informais não têm valor algum. Sua lealdade e devoção ao marido é imensurável; quando traídas, tendem a culpar a outra, mesmo que essa tenha sido uma vítima da sedução do cônjuge. É muito raro uma mulher identificada com este arquétipo pedir divórcio, por mais insatisfeita que ela esteja com o casamento, pois tem muitas dificuldades de aceitar o rompimento e um novo casamento por parte do ex-cônjuge, chegando a interferir de maneira extremamente negativa na vida dele e da nova parceira. Quando perde as rédeas da situação, Hera reage com ira, que pode se manifestar de maneira assustadora e destrutiva. Também é uma característica deste arquétipo fugir do relacionamento problemático dos pais arranjando um casamento para si. A prioridade das mulheres ligadas a esse arquétipo não é o campo profissional. Não é o tipo de mulher que terá filhos por identificar-se com a maternidade, mas sim para cumprir uma função social dentro do casamento. O homem que geralmente se atrai pelas mulheres Hera são aqueles que desejam ter uma esposa por razões sociais e não necessariamente afetivas.

Deméter (Ceres)

Deméter é a expressão da generosidade, dedicação e doação da mulher: ela não sabe dizer não a ninguém. Representa o instinto maternal em sua totalidade (gestação e nutrição), nos níveis físico, psíquico e espiritual. As mulheres com essa deusa proeminente desejam, mais do que tudo, serem mães. Associada às colheitas, ela também representa a abundância e a nutrição do feminino. É dedicada à família, especialmente aos filhos. Na mitologia, ela é a mãe de Perséfone, que foi raptada pelo deus Hades e levada ao submundo; Deméter não mediu esforços para recuperar sua filha. Elas são nutridoras, prestativas e doadoras em todos os relacionamentos. As mulheres Deméter são cuidadoras natas e exercem essa função ao longo de sua vida, independente da idade e maturidade de seus filhos. Por dedicar-se de maneira exagerada e muitas vezes exclusiva à maternidade, as mulheres fortemente identificadas com este arquétipo tendem a tornarem-se depressivas quando os filhos crescem e deixam o lar. Para evitar este transtorno, muitos vezes elas impedem seus filhos de crescerem. Engravidar “acidentalmente” também pode ser considerado um sintoma de dominação deste arquétipo no inconsciente da mulher.

Perséfone (Cora)

É a sacerdotisa, a governante do mundo invisível. Representa mulheres meigas, femininas, dotadas de um grande poder criativo e também o lado psicológico e espiritual da mulher. As mulheres identificadas ao extremo com este arquétipo, costumam apresentar um poder de ação reduzido. São facilmente conduzidas pelos outros e têm dificuldades em se posicionar e até mesmo de compreender aquilo que querem ou para onde devem ir. Perséfone também representa a mulher que faz de tudo para agradar a mãe: são as boas meninas, obedientes, cautelosas, recatadas, passivas e dependentes. Os homens que as escolhem são inexperientes, e mal intencionados, do tipo que não se sentem confortáveis com mulheres empoderadas. Elas são do tipo que acabam por ceder em tudo para se adaptarem aos desejos de um homem; parecem não ter uma personalidade própria. Por não desejarem criar atritos e despertar desconforto e raiva nos outros, acabam por tornarem-se mentirosas e manipuladoras. Possuem uma forte tendência à sexualidade adormecida e comportarem-se de maneira passiva e submissa em relação ao cônjuge. Tendem a se comportar de maneira infantil e dependente, necessitando da mãe para realizar até mesmo tarefas banais. Como profissionais não são exatamente dedicadas: são inconstantes e indecisas, o que provoca mudanças constantes de emprego. Porém, quando identificadas com o aspecto da Rainha do Submundo – seu verdadeiro poder – serão extremamente competentes, principalmente no campo psicológico e espiritual por saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente.

Afrodite (Vênus)

Afrodite é o arquétipo que representa a beleza e o amor. Na mitologia grega ela é descrita como uma deusa impulsiva, determinada em viver a vida intensamente e que possui vários relacionamentos afetivos. Afrodite não pode ser considerada uma figura vulnerável: seus relacionamentos são sempre descritos como correspondidos; também não está identificada com a figura da virgem, pois valorizava as experiências emocionais e os relacionamentos, mesmo que não sejam permanentes e duradouros. Os valores de Afrodite são exatamente apreciados em nossa sociedade e a mulher que os expressa mesmo de maneira equilibrada, tende a ser vulgarizada, pois ela representa a liberdade e a auto-aceitação da sensualidade e sexualidade feminina. Para cultivarmos Afrodite, é necessário darmos abertura para atividades sensoriais ou sensuais. Também é importante nos libertarmos de atitudes culposas ou críticas e compreender o prazer como parte natural e importante da vida. As mulheres identificadas com este arquétipo de maneira extrema costumam ser vaidosas, muito ligadas a roupas e acessórios. Gostam de ser admiradas e adoram um espelho. São mulheres atraentes, possuem muito carisma e chamam atenção de maneira natural e autêntica, sem que seja necessário fazer muito esforço. Estas mulheres geralmente não são as mais dedicadas aos estudos e carreira, mas tornam-se excelentes profissionais quando se envolvem emocionalmente com sua profissão. Elas tendem a ter atitudes extremistas – ou estão num trabalho que detestam ou num que amam demais – e só funcionam bem profissionalmente se a atividade desempenhada exigir o uso da criatividade.

Harmonizando-se com arquétipos para vislumbrar a cura

Podemos compreender que todas as mulheres carregam consigo todos esses (e muitos outros) arquétipos, estejam eles ativados ou não. Em diferentes momentos da vida, nós experienciamos todos eles. Os arquétipos não são bons ou ruins; em sua complexidade, eles representam tanto a luz, quanto a sombra de um modelo. O caminho é aprendermos a nos harmonizar com os aspectos deles que nos fortaleçam, equilibrem e é claro, nos empoderem.

Se entendermos os arquétipos como frequências, podemos nos harmonizar com eles num nível mental e psíquico, o que pode trazer excelentes resultados no que diz respeito ao nosso auto-conhecimento, à nossa auto-estima e consequentemente, ao equilíbrio energético dos nossos corpos físico e sutis. E te digo isso porque sigo esse tipo de terapia desde que estudei sobre ele. Jung tem sido meu norte desde então!! 💗💗💗
Alinhar-se com arquétipos não tem nenhuma relação com invocação e incorporação de espíritos, posto que eles não são entidades vivas, mas sim aspectos da nossa psique. Através da meditação e da visualização criativa orientada por uma terapeuta, a mulher pode acessar os arquétipos que irão colaborar com a sua totalidade e com a harmonia do seu sistema físico e familiar, podendo desfrutar de uma vida mais plena em todos seus aspectos.

Procure a ajuda de um terapeuta sistêmico para integrar a sua equipe médica, na busca por restaurar a sua saúde de forma integral. A educação emocional e a harmonização do seu ser, através da terapia Junguiana, podem fazer verdadeiros milagres por você. Vamos?

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