Buscar entender o que se passa nas suas estruturas
neurológicas, hormonais e fisiológicas faz uma diferença enorme nesse processo
do autoconhecimento, porque aprendemos quem somos, como somos e até onde
suportamos. Pensando nisso, através
deste texto, procuro esclarecer como funciona um dos sistemas fisiológicos que
tem uma função determinante nas nossas ações e pensamentos: o sistema nervoso.
O sistema nervoso humano tem duas partes distintas: O sistema nervoso simpático e o parassimpático. O
sistema nervoso simpático funciona de forma autônoma, independente da razão ou
dos nossos pensamentos. É o que nos faz agir rapidamente e no impulso,
amplificando nosso despertar físico e emocional, para uma possível fuga ou
defesa. Já o sistema nervoso parassimpático, funciona como um freio que nos
acalma e diminui todas as demais funções do corpo humano, relaxando-nos e nos
deixando calmos e equilibrados.
Dentro deste complexo sistema do nosso aparelho fisiológico
nervoso, coexistem várias ações nossas que se relacionam com nossos pensamentos
e situações cotidianas, num sistema de retroalimentação que dão origem a três
estados emocionais que Daniel Siegel, no livro “O cérebro que diz sim”, chama
de zonas emocionais. São elas:
1) A zona verde: quando o sistema nervoso simpático e o
parassimpático estão trabalhando juntos, de forma equilibrada. Seria o estado
emocional que devemos cultivar e aprender a ampliar em nosso corpo para que
possamos tomar decisões equilibradas e calmas.
2) A zona vermelha: acontece
quando o sistema nervoso simpático assume o controle, fazendo nosso corpo
entrar num estado de hiperventilação, ativando uma reação aguda de estresse.
Quando estamos nessa zona vermelha, não conseguimos pensar, raciocinar e todas
as nossas ações e pensamentos estão no piloto automático: como um carro
desgovernado.
3) A zona azul: acontece quando o sistema nervoso
parassimpático assume o controle do corpo e das emoções, fazendo com que a
pessoa se retraia, mantendo-se em silêncio e sem ao menos saber dizer o que
está se passando consigo mesma. Nestes casos, fica impossível até de ajudar a
pessoa que está numa zona azul porque ela se fecha em si mesma, não interage e
fica apática a qualquer emoção ou sentimento.
Uma vez entendido esses mecanismos fisiológicos do sistema
nervoso, é preciso criar formas de aumentar a zona verde e reduzir as zonas
vermelhas e azul. Para isso, recomendo ter um diário para anotar as situações
corriqueiras e suas emoções e sentimentos em cada uma delas. Vai ser o seu
melhor parceiro e a melhor ferramenta de transformação para gerenciar suas
emoções e sentimentos. E pode ser usado para auxiliar o seu terapeuta emocional
ou o seu psicólogo.
Neste caderno/diário, podemos começar com algumas perguntas
que devem ser respondidas e que o ajudarão a ir conhecendo seus limites: até
onde o parassimpático assume o controle e como e quando você consegue voltar
para a zona verde. Eis algumas dessas perguntas e suas respectivas funções no
processo do autoconhecimento:
I –
Para ajudar a perceber o quanto qual a extensão da sua zona verde e quanto é
preciso ampliá-la:
A) Você
enfrenta com facilidade e conforto, o medo, a raiva e a decepção?
B) Você é
capaz de lidar com contratempos sem desviar rapidamente para as zonas vermelhas
ou azul?
II –
Para ajudar a perceber com que facilidade você abandona a zona verde:
C) Que
emoções ou situações o fazem entrar na zona caótica vermelha ou na zona rígida
azul?
D) Pense
se problemas menores o fazem perder o equilíbrio, expulsando-o da zona verde.
E) Existem
memórias afetivas ou necessidades físicas que costumam desencadear o
desequilíbrio, expulsando-o da zona verde, tais como fome, cansaço, um
determinado cheiro, etc?
A partir dessas perguntas iniciais, é possível ir anotando
as situações, os gatilhos que desencadeiam seu desequilíbrio. Isso vai permitir
que você estude a si mesmo, ampliando o olhar sobre seu sistema nervoso e
acolhendo de forma amorosa os seus destemperos. Esse é o segundo passo mais
importante nesse processo de autoconhecimento: o acolher-se, o compreender-se, o perdoar-se.
Conhecendo o que dispara o sistema nervoso simpático e o
parassimpático, é possível treinar a si mesmo para reagir de forma equilibrada
diante dessas situações ou gatilhos. Acredite em mim porque eu já passei por
tudo isso. Eu tinha fobias irracionais com aranhas e escuridão e atualmente
vejo uma aranha sem sair da minha zona verde assim como, a energia vai embora à
noite e eu continuo tranquila e calma a ponto de caminhar no meio da escuridão,
tateando, e encontrar uma lanterna na maior calma do mundo. Até cinco anos
atrás, eu era totalmente possuída pelo sistema nervoso simpático, vivendo
continuadamente na zona vermelha a maior parte do tempo, prejudicando minhas relações
familiares e profissionais. Portanto, creia em mim, você também conseguirá!! 💪💪🙌🙌