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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Equilíbrio emocional e autoconhecimento



 Não existe um caminho mais rápido para regularmos nossas emoções e sentimentos, mas certamente existe um caminho mais certo: o autoconhecimento.

Buscar entender o que se passa nas suas estruturas neurológicas, hormonais e fisiológicas faz uma diferença enorme nesse processo do autoconhecimento, porque aprendemos quem somos, como somos e até onde suportamos.  Pensando nisso, através deste texto, procuro esclarecer como funciona um dos sistemas fisiológicos que tem uma função determinante nas nossas ações e pensamentos: o sistema nervoso.

O sistema nervoso humano tem duas partes distintas: O sistema nervoso simpático e o parassimpático. O sistema nervoso simpático funciona de forma autônoma, independente da razão ou dos nossos pensamentos. É o que nos faz agir rapidamente e no impulso, amplificando nosso despertar físico e emocional, para uma possível fuga ou defesa. Já o sistema nervoso parassimpático, funciona como um freio que nos acalma e diminui todas as demais funções do corpo humano, relaxando-nos e nos deixando calmos e equilibrados.
Dentro deste complexo sistema do nosso aparelho fisiológico nervoso, coexistem várias ações nossas que se relacionam com nossos pensamentos e situações cotidianas, num sistema de retroalimentação que dão origem a três estados emocionais que Daniel Siegel, no livro “O cérebro que diz sim”, chama de zonas emocionais. São elas:

1)    A zona verde: quando o sistema nervoso simpático e o parassimpático estão trabalhando juntos, de forma equilibrada. Seria o estado emocional que devemos cultivar e aprender a ampliar em nosso corpo para que possamos tomar decisões equilibradas e calmas.

2)    A zona vermelha: acontece quando o sistema nervoso simpático assume o controle, fazendo nosso corpo entrar num estado de hiperventilação, ativando uma reação aguda de estresse. Quando estamos nessa zona vermelha, não conseguimos pensar, raciocinar e todas as nossas ações e pensamentos estão no piloto automático: como um carro desgovernado.

3)    A zona azul: acontece quando o sistema nervoso parassimpático assume o controle do corpo e das emoções, fazendo com que a pessoa se retraia, mantendo-se em silêncio e sem ao menos saber dizer o que está se passando consigo mesma. Nestes casos, fica impossível até de ajudar a pessoa que está numa zona azul porque ela se fecha em si mesma, não interage e fica apática a qualquer emoção ou sentimento.


Uma vez entendido esses mecanismos fisiológicos do sistema nervoso, é preciso criar formas de aumentar a zona verde e reduzir as zonas vermelhas e azul. Para isso, recomendo ter um diário para anotar as situações corriqueiras e suas emoções e sentimentos em cada uma delas. Vai ser o seu melhor parceiro e a melhor ferramenta de transformação para gerenciar suas emoções e sentimentos. E pode ser usado para auxiliar o seu terapeuta emocional ou o seu psicólogo.

Neste caderno/diário, podemos começar com algumas perguntas que devem ser respondidas e que o ajudarão a ir conhecendo seus limites: até onde o parassimpático assume o controle e como e quando você consegue voltar para a zona verde. Eis algumas dessas perguntas e suas respectivas funções no processo do autoconhecimento:

I – Para ajudar a perceber o quanto qual a extensão da sua zona verde e quanto é preciso ampliá-la:

A)   Você enfrenta com facilidade e conforto, o medo, a raiva e a decepção?
B)   Você é capaz de lidar com contratempos sem desviar rapidamente para as zonas vermelhas ou azul?

II – Para ajudar a perceber com que facilidade você abandona a zona verde:

C)   Que emoções ou situações o fazem entrar na zona caótica vermelha ou na zona rígida azul?
D)   Pense se problemas menores o fazem perder o equilíbrio, expulsando-o da zona verde.
E)   Existem memórias afetivas ou necessidades físicas que costumam desencadear o desequilíbrio, expulsando-o da zona verde, tais como fome, cansaço, um determinado cheiro, etc?

A partir dessas perguntas iniciais, é possível ir anotando as situações, os gatilhos que desencadeiam seu desequilíbrio. Isso vai permitir que você estude a si mesmo, ampliando o olhar sobre seu sistema nervoso e acolhendo de forma amorosa os seus destemperos. Esse é o segundo passo mais importante nesse processo de autoconhecimento: o acolher-se, o compreender-se, o perdoar-se.

Conhecendo o que dispara o sistema nervoso simpático e o parassimpático, é possível treinar a si mesmo para reagir de forma equilibrada diante dessas situações ou gatilhos. Acredite em mim porque eu já passei por tudo isso. Eu tinha fobias irracionais com aranhas e escuridão e atualmente vejo uma aranha sem sair da minha zona verde assim como, a energia vai embora à noite e eu continuo tranquila e calma a ponto de caminhar no meio da escuridão, tateando, e encontrar uma lanterna na maior calma do mundo. Até cinco anos atrás, eu era totalmente possuída pelo sistema nervoso simpático, vivendo continuadamente na zona vermelha a maior parte do tempo, prejudicando minhas relações familiares e profissionais. Portanto, creia em mim, você também conseguirá!! 💪💪🙌🙌

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